STORYTELLING - HISTÓRIAS DE INOVAÇÃO

terça-feira, 2 de julho de 2013

Ler Devagar - Ideias e Oportunidades

«(...) De volta ao centro da ação, na rua onde se desenrola o mercado, a livraria Ler Devagar vale sempre uma espreitadela. Nem que seja pela beleza de ver um antigo armazém forrado a livros até ao tecto. Novidades, edições antigas, publicações não comerciais e outras grandes preciosidades encontram-se por aqui. Pelo amplo espaço, onde antes funcionava uma rotativa de impressão de jornais, podemos folhear demoradamente um livro. Mesmo ao lado, a discoteca da Ler Devagar, especializada em música portuguesa e dos países lusófonos. É por aqui que nos cruzamos com o primeiro (e único) turista. Alheio a tudo, devora um livro.»

Para José Pinho, isto não é uma livraria tradicional. É assim que este fazedor de livrarias, considera a Ler Devagar. “Depois da Fábrica de Braço de Prata, onde criou um polo cultural, das livrarias da Galeria Zé dos Bois, da Cinemateca e do Instituto Franco-Português, este é o quinto espaço aberto” . José Pinho iniciou por fazer um curso de Técnicos Editoriais (já tinha editado a revista Devagar), e desenrolou a sua atividade numa agência de publicidade. Durante este curso todos os editores se queixavam da quantidade de livros em armazém. Os livros iam para as livrarias e passado 3 meses voltavam para trás (hoje são 15 dias a 3 semanas). Os armazéns iam crescendo exponencialmente… na Europa por onde ele andava existia livrarias que vendiam fundos editoriais (saldos).

Encontrou nessa altura um espaço no Bairro Alto, que por um preço simbólico lhe alugaram um espaço, sugerindo desde logo aos seus antigos colegas de curso que participassem na aventura… Saíu da agência de publicidade! E avançou sozinho. Mais tarde entraram 20 sócios (colegas)…hoje são 150 acionistas. E continua com a maioria das ações.

Em 2009 encontrou o espaço onde está actualmente instalado - a LxFactory. Aqui chegado, ficou na antiga Gráfica Mirandela. Hoje funciona como espaço âncora nesta aldeia criativa.Com 6 trabalhadores esta sociedade anonima, e com os atuais 150 acionistas, são proprietários de 90% dos livros no valor de 300 mil euros.

Não é um conceito de livraria tradicional, que torna este negócio sustentável. Para que fosse sustentável tivemos uma obsessão com custos, reduzindo o seu valor (pessoal e rendas) ao mínimo possível. .”Aqui a Ler Devagar conseguiu uma renda simbólica pelo espaço com a rotativa que está a transformar em livraria; em contrapartida, comprometeu-se a dinamizar o local e a pagar à empresa que gere o espaço uma parte das receitas dos espetáculos que vier a promover.”

Clientes. Não pensaram quem poderiam ser os clientes da Ler Devagar. Quando abriu no Bairro Alto, estava tudo a fechar, e “eles abriram … disseram, se não vier cá ninguém vimos nós”! Pagamos a renda entre todos, era a nossa sala de estar e biblioteca. Só que os clientes começaram a aparecer. Hoje não é possível definir o cliente-tipo … portugueses, estrangeiros… . O horário é também diferente, entre o meio-dia e a meia-noite.

Os produtos oferecidos variam desde, livros, discos (quando ninguém compra CD nós compramos) que passam a ser propriedade da empresa. Oferecendo-se ainda um programa cultural constante de quarta a sábado. O espaço é assim distintamente diferente, com o seu grau de majestosidade, e heterogeneidade – combina antigo, com amplitude e largueza – de oferta. Pode-se ler em torno dum café, almoçar, ou assistir a concerto de música, ou ainda, contemplar uma exposição.



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