O espaço do Cowork Lisboa, dispõe, para além de uma zona lounge, de uma pequena sala de reuniões, que também pode ser utilizada para momentos em que um destes profissionais sinta necessidade de algum isolamento ou privacidade (por exemplo, para pedir a namorada em casamento ou chorar baba e ranho pela situação actual do Sporting!). In:2012.lisboa.wordcamp.org/sponsor/cowork-lisboa.
A ideia de criação deste espaço surgiu porque o Fernando estava farto de trabalhar em casa … estava a gastar exageradamente a alcatifa entre a sala, e o frigorífico!
A Ana, é o segundo sócio da Cowork, sendo casada com o Fernando há 20 anos. Fernando, fartou-se de não ver pessoas. Como designer que é, o Fernando tinha necessidade de socializar e trocar ideias com outros. A busca dum local para socializar concentrou as energias e as leituras do Fernando. Procurou e pesquisou aquilo que já existia no mundo. Foram 2-3 meses de imersão total. A Beta House de Berlim, foi uma referência. Até porque os seus proprietários estudaram em Portugal. Fernando arranca para esta aventura do empreendedorismo, aos 40 anos.
Clientes. Tiveram muitas surpresas, porque esperava-se que a maioria do espaço fosse utilizada, por gente de design, arquitetos, programadores, tecnologias. O tempo encarregou-se de provar que estavam errados. Todos os tipos de profissionais utilizam o espaço, mesmo as profissões menos convencionais – estudantes, advogados, enfermeiras, cientistas… É um espaço cheio de diversidade.
O negócio iniciou-se no facebook com o lançamento duma pergunta: conhecem este conceito de trabalho? Imaginam-se a trabalhar num espaço destes? E onde gostavam que se situasse?
A LxFactory foi o espaço escolhido. Agora parte das mesas já são de estrangeiros. Há um limite ao efeito de escala, entre 12 (mínimo) a 40 (máximo). Este espaço é dificilmente expansível ou replicável. É o reflexo dos seus proprietários. Nunca pode ser igual, mesmo que replicado. O modelo é muito informal, não tem de permanecer 3 a 6 meses obrigatoriamente, ou ter de pagar rendas adiantadas. Não há surpresas ao fim do mês. Para além do espaço de trabalho, a Coworklisboa integra um outro espaço de cafetaria, fornece acesso a sala de reuniões, promove formação, eventos gratuitos, e concede telefone e acesso gratuito á internet.
Com os clientes todos dentro deste espaço, gerir esta comunidade foi um trabalho desde o início. A taxa de ocupação ronda sempre entre os 75-80%. A rotação é considerável e agora (Verão-12) esta taxa que normalmente baixa, não está a acontecer. O marketing não foi preciso. Ser em Lisboa, e na zona em que é, ajuda imenso. A imprensa está cá quase todas as semanas.
Daily life Network
Uma tradutora literária que, segundo Fernando, "apesar de ter uma casa na Ericeira com vista para o mar, prefere trabalhar ali de vez em quando".
A vista do Cowork Lisboa não fica atrás. Da mesa de Raúl, de 60 anos, um urologista mexicano reformado, consegue-se ver o Tejo e os carros que passam na ponte 25 de Abril. De iPad e apontamentos na mão, Raúl conta-me o que vai fazer em Lisboa até Setembro do próximo ano: "Estudar gastronomia e vinhos portugueses. Quero abrir um restaurante em Guadalajara, onde há muita competitividade e tenho de ter comida que me distinga. Uma amiga já me ofereceu um livro com as 1000 formas de cozinhar bacalhau", ri-se. Raúl herdou o aluguer de secretária do genro (175,45 euros por mês - dos mais caros porque a mesa fica encostada à janela) que foi dar aulas de Política para os Estados Unidos.
Alguns metros à frente, Richard, de 38 anos, um biólogo inglês de pala no olho, aceita fazer uma pausa no trabalho e beber um café na cozinha do espaço. "Já bebi muitos hoje", diz sorridente, enquanto lava a sua caneca. Há três anos que vive em Lisboa e tem uma empresa de biotecnologia: "Fazemos pequenas experiências com moscas num laboratório para descobrir fármacos para o tratamento do cancro." Como nem sempre trabalha no laboratório, "porque a empresa ainda está no início", e como já estava farto de se sentar em frente ao computador de casa, escolheu o Cowork Lisboa. Com Francis, um luso-britânico que faz projectos de consultadoria de energias renováveis, passou-se o mesmo.
Só na primária tive colegas de carteira com gostos e ambições profissionais tão diferentes. Tânia, uma enfermeira de 32 anos que está a fazer a tese de mestrado, diz-me que é pena não ter vindo na primeira quarta-feira do mês: "Tomamos o pequeno-almoço juntos. Quem trouxer a iguaria mais original tem 50% de desconto na mensalidade."
No fim do dia de trabalho, ainda vou a tempo de cortar o cabelo por um euro. O cabeleireiro do brasileiro Caco Neves tem uma "happy hair" (a happy hour dos cabelos) na porta em frente ao cowork.”
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